segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Outra geração assim para o rasca...

Inauguro este blogue depois de alguns dias sem inspiração... e é com imensa honra que o faço.
Hoje, enquanto lia o jornal, plenamente só na sala de convívio de uma das residências universitárias mais antigas da Universidade do Porto, dou-me conta de um facto que ainda era um embrião na minha cabeça.
Podia ser uma simples constatação. No entanto é, sim, uma daquelas terríveis e deprimentes.
Desde sempre me habituei a ouvir as pessoas e a observá-las. Talvez por ser demasiado curiosa acerca das vidas alheias (não num sentido pernicioso, mas apenas com o olho de quem quer conhecer mais sobre a Vida em si), me dou conta de temas de conversa que... enfim, não lembram a ninguém. Não falo da conversa que eu e a minha co-autora partilhámos hoje de tarde, acerca de leite com chocolate (que isso sim, é tema de destaque. Bom, nem tanto, mas digamos que é um tema deveras peculiar, não?). Falo, sim, desta geração que invadiu o espaço que nós ocupamos já há algum tempo e também da geração em que me encontro.

Tópico número um: Morangos com Açúcar. Isto causa-me náuseas. E dizerem "É uma das melhores telenovelas que dão na televisão!" quase me faz, desculpem a expressão, regurgitar as minhas próprias tripas, Deus as guarde de tal provação! Não sei. Faz-me certa confusão ouvir estudantes de ensino superior falarem de tal assunto. Não que sejamos uma elite e que devamos falar de Sócrates, Descartes, Kant e outros que tais. Muito pelo contrário. Devemos falar de assuntos da actualidade. E aí está. Onde é que os Morangos são actuais, afinal? Só se for em Marte. O que está a dar são as telenovelas brasileiras. Desculpem, isto foi apenas uma piada (de mau gosto, diga-se).

Tópico número dois: roupa. E onde é que os jovens da minha e das duas gerações seguintes de universitários vão buscar inspiração quanto à roupa que usam? Bom, os que vêem os Morangos vão buscá-la a essa telenovela. E os que não vêem imitam os que vêem. E depois há os alternativos que é como quem diz... os 'normais' (exemplo mais perfeito: a minha pessoa e o grupo de amigos da minha pessoa). E depois há as minorias, mas isso daria um outro post neste blogue.

Tópico número três: notícias. "Ai não, deixa mas é ficar na MTV! Por que raio é que vais ver o telejornal?". Eu diria... porque será? Estudante universitário que é estudante universitário, mesmo o que não se encontra na área das ciências sociais, deveria ler o jornal ou ver o telejornal. Manter-se actualizado é a melhor forma de exercitar os neurónios, já que, graças a Deus, a época de exames não dura todo o ano. Os videoclips repetem-se sem cessar. Já as notícias são sempre novas e fresquinhas. Que melhor motivos há para ver o noticiário?

Tópico número quatro: ver notícias que não interessam a ninguém. Não querendo falar mal, mas já falando, ver o telejornal da TVI ou ler o 24h não conta como manter-se actualizado no campo das notícias. Mas se é daqueles que se serve destes meios de comunicação para saber mais fique descansado... ao menos é como se estivesse a ler uma revista de lazer, ou a ler um policial daqueles que estão na secção dos 1,50€ ou um livro de cordel. Pelo menos lê/vê alguma coisa. Agora é só evoluir.

Tópico número cinco: "Ler? tirei a licenciatura sem ler um livro sequer!". É possível, mas frequentar o ensino superior não é apenas ficar com um diploma. É saber pensar e complementar o pensamento com pensamentos escritos de outras pessoas. E penso que com isto, digo tudo.

Tópico número seis: "Sim, eu oiço boa música. Quim Barreiros, Ágata, e música estrangeira, mas tudo pop." Não desdenhando mas... boa música? Eu diria que boa música é Bach, é Mozart, é, vá lá, John Mayer, John Legend... Também há músicas pop muito boas. Mika, Bloc Party, KT Tunstall, Jamie Cullum entre outros. Não digo para não se ouvir 'pimba' ou música popular brasileira ou pop mas apenas isso é capaz de ser saturante. Nós podemos gostar, mas são os nossos neurónios que vão morrendo de aflição. Dêem-lhes descanso, de vez em quando, quanto mais não seja com um pouco de Vanessa Mae ou outras dessas 'mixes' que andam por aí. Há muitas à venda na Fnac e são tão baratinhas quanto uma refeição no MccDonald's.

Acho que já terminei o meu rol de queixumes exacerbados por hoje. No entanto, retiro já uma conclusão preocupante: com este tipo de jovens, que se libertam dos colos das suas mães, dos abraços dos seus pais, que ainda não sabem aprender as coisas por si ou ainda não perceberam que entrar para o ensino universitário é abandonar parte da 'criança' que havia em nós (é bom que parte se mantenha, caso contrário acabamos como muitos professores universitários que andam por aí, com os seus fatos e as suas malinhas...) e partir à descoberta de novos sabores, odores, melodias... enfim, continuar a pesonalidade que pensávamos já estar formada.
Se continuar assim, onde é que nós vamos parar?



Não sei, é só a minha opinião...

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